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PROFISSIONALIZANDO UMA EMPRESA FAMILIAR

Do nascimento de uma empresa familiar à sua profissionalização, os seis pilares fundamentais.

É normal dos profissionais, quando do desligamento de uma empresa, reaplicarem os dividendos advindos do processo rescisório, na concepção de uma nova empresa. O desejo de dar vida àquele velho sonho, virar seu próprio chefe, ser independente, atingir sua realização pessoal ou mesmo necessidade de sobrevivência são razões que levam a investir na empreitada. Mais ainda, torna-se a oportunidade de iniciar seus dependentes – filhos, conjugês – na vida empresarial dando-lhes uma vaga no concorrido mercado de trabalho, bem como, mostrar-lhes as diferentes dimensões em que uma empresa alcança.

Empresas FamiliaresNasce assim, uma empresa familiar. Grandes grupos corporativos nos dias de hoje, embora soe estranho, ou mesmo, devido à atual dimensão dos mesmos, seja difícil de imaginar, nasceram assim. Casas Bahia, Wal Mart, Banco Safra, Rede Globo e Frigorífico Friboi são alguns exemplos. É bem verdade que a esmagadora maioria das empresas familiares sumiram do mapa, ou cedo, conheceram a falência.

O amadorismo das gestões, a incapacidade de enxergar sinais negativos do mercado e a excessiva retirada de capitais do caixa da empresa podem ser motivos que as levaram à bancarrota. Não saber olhar para dentro de si, enxergando os problemas internos, é também uma razão. Disputas entre sócios-parentes podem também trazer à ruína. As desavenças aparecem, vão se arrastando ao longo dos anos até virarem o foco das atenções dos donos do negócio.

Mas e as empresas familiares que dão certo, qual o segredo?

Um deles é a profissionalização da gestão. É senso comum crer que “profissionalizar” signifique mudar a administração familiar por um executivo de fora da família para dirigir o negócio. O senso comum pode estar enganado. Uma administração é considerada “profissional” quando apresenta altos níveis de desempenho e ética. Esses níveis são atingidos criando culturas que coloquem ênfase no desempenho.

Tais culturas baseiam-se nos esforços dos líderes e também em processos “formais”: fixar metas e regras claras, valorizar o desempenho do funcionário, contratar pessoal capacitado, conferir promoções também em função das contribuições.

Profissionalismo está relacionado com atitudes e comportamentos profissionais, não com categorias. Membros da família, além de gerir a empresa, podem ter a combinação apropriada de qualidades que assegure aos principais interessados – acionistas – que a empresa é sólida.

A profissionalização de um negócio se apóia em seis pilares:

1) Atrair, desenvolver e manter pessoas talentosas, tanto da família como de fora. Os talentos internos são o que movem as empresas. Se um membro da família possuir superiores habilidades comerciais, capacidade de manter a união da equipe e motivação na busca por resultados, deve-se manter a administração familiar. Mas na medida que a empresa cresce e juntamente com isso a complexidade aumenta, deve pensar na possibilidade de trazer executivos “de fora” para o corpo da empresa.

2) Garantir que a empresa possa sempre, em questões importantes, decidir de forma adequada. Para tomada de decisões seja alheia a interesses familiares e atenda interesses da empresa, conselhos de assessores ou diretores formados por membros de fora da família, é a melhor opção para se tomar decisões apropriadas.

3) Fortalecer a disciplina familiar e seu compromisso com o negócio. O crescimento da empresa só acontece quando o foco dos membros da família está voltado ao negócio e ao dialogo fácil. Competições por status, poder, controle, reconhecimento e mesmo afeto, põem em perigo a administração da empresa.

4) Respeitar hierarquia de gestores e dar autonomia aos funcionários. Na maioria das empresas familiares, os integrantes da família que ali trabalham têm acesso especial as informações e aos debates sobre o negocio, qualquer que seja a função que ocupem. As empresas devem dar autonomia de decisão aos funcionários mais capacitados. Se eles não pertencem à família é preciso, então, capacitá-los e encorajá-los a decidir e, depois, permitir que o façam.

5) Estabelecer sistemas que assegurem, de maneira consistente, o alto desempenho e a igualdade. Em geral, na etapa da fundação, as empresas familiares não têm métodos. O fundador tem personalidade entusiasta e assume todo o poder. Na medida em que a empresa cresce e a complexidade aumenta faz-se necessária uma gestão mais sistemática.

6) Defender decididamente os valores centrais. A dimensão ética da profissionalização é tão importante quanto a do desempenho. Os funcionários devem personificar os valores fundamentais do negocio, bem como as normas éticas básicas de honradez, respeito e igualdade. Os donos têm de apoiar as metas e a cultura do negócio.

Profissionalizar uma empresa, muitas vezes é um processo que sai caro. Talvez seja necessário aumentar salários para atrair bons profissionais, investir em tecnologia avançada e implantar sistemas de planejamento, controle e gestão de desempenho. A profissionalização compreende a aceitação de um novo management, algumas vezes vindo de fora da família.

As organizações profissionais se guiam por valores que as fortalecem e as ajudam a aprender. As famílias devem honrar seus valores fundamentais e deixar que suas tradições evoluam.

14/10/2009 - Posted by | Gestão | ,

5 comentários »

  1. Daniel, estou terminando uma pós graduaçao, e meu trabalho de conclusao será um artigo sobre profissionalizaçao da empresa familiar. Acabei de ler a matéria sobre os 6 passos da profissionalizaçao da empresa familiar, foi muito bom me deu um “norte” para desenvolvimento do meu trabalho, agradeço sua contribuiçao. Muito obrigado. Henrique.

    Comentar por Henrique Hoeller Junior | 24/02/2013 | Responder

  2. Olá,

    Sou universitário e estou desenvolvendo minha tese sobre estilo de gestão da empresa familiar, metedo e perfil.
    Gostaria de algumas dicas ou sugestões de onde consigo mais materiais sobre as empresas com administração familiar.

    Obrigado!

    Eduardo Modesto

    Comentar por Eduardo | 30/09/2010 | Responder

  3. Boa noite,
    Minha tese é sobre empresas familiares, e mais especificamente sobre a transição familiar e de metodologia de gestão da empresa familiar. Gostaria de saber se tem algum material que possa me fornecer.
    Considero esta uma área de grande interesse, já que boa parte de nossas empresas são de origem familiar, dificilmente encontramos algum sonho em que não seja partilhado entre os familiares e que estes não trabalhe em conjunto para sua concretização.

    Comentar por Rita | 14/09/2010 | Responder

    • Rita,

      Agradeço-lhe a visita e o comentário deixado aqui no blog. Pois é, Empresas Familiares são a realidade de mais de 80% das empresas brasileiras. O tema, de fato é fascinante.

      Quanto a mais materiais sobre o tema, enviarei-lhe por email dicas de onde consegui este conteúdo para o artigo do blog.

      Um grande abraço.

      Daniel.

      Comentar por Danigalvao | 16/09/2010 | Responder

      • Américo 23/12/2012

        Fui convidado para participar do processo de profissionalização de uma empresa e enxergo que não é uma decisão fácil de tomar quando a empresa é 100% familiar.
        Quando a empresa toma também uma decisão tão importante como esta é porque ela esta entendendo que chego a hora da mudança e sé ela não inovar pode ter sérios problemas em relação a se manter no mercado e concorrer com os gigantes que cada vês mais estão se unindo criando fusões.
        Já estou a mais de 15 anos trabalhando com Logística de matérias e por sinal somente em empresas de Grande porte e de capital aberto e posso afirma que a profissionalização de uma empresa é o melhor caminho a se tomar, a anterior que trabalhei passou por este processo deixou de ser uma empresa familiar e se profissionalizou e foi muito bom para o sucesso da empresa.

        Comentar por Américo S C | 23/12/2012


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